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Salto Angel e as belezas do Parque Nacional Canaima

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O Parque Nacional Canaima está localizado ao sudeste da Venezuela. Criado em 1962 e reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1994, possui uma extensão de três milhões de hectares. Entre suas belezas naturais está a famosa cachoeira de Salto Angel. Ela é considerada a maior do mundo, com 979 metros de altura.

A convite da Roraima Adventure, embarquei rumo a Boa Vista como colaborador da Revista Marco Zero. Em um roteiro de dez dias, vivi uma experiência de imersão ao entrar em trilhas que passam por montanhas, penhascos e cachoeiras. Verdadeiros espetáculos da natureza que formam as paisagens únicas do Parque Nacional Canaima.

Orla Taumanan

Para chegar em Boa Vista as opções são inúmeras. O que vai diferenciar o trajeto são os números de escalas e o tempo de conexão entre os voos. Não existem opções que vão direto para a capital de Roraima. Em viagens de aventura como essa ter um seguro é fundamental e, como sempre, a Travel Ace foi nossa parceira nessa viagem.

A primeira parada foi no Aipana Plaza Hotel, localizado na praça central de Boa Vista. O hotel está próximo à Orla Taumanan, onde antes havia um porto que deu início à história da capital.

Pela orla, os visitantes podem observar o Rio Branco, que no período de chuvas chega a três mil metros de largura e oito metros de profundidade. Durante a seca, ele vira uma praia e assim pode ser atravessado a pé de um lado para outro.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco

Para conhecer sobre a história da cidade, uma boa opção é fazer um passeio a pé. Em volta da Orla de Taumanan estão localizados pontos turísticos como o monumento aos Pioneiros, Fazenda Boa Vista, Igreja Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco, Muro do Mercado, Bosque dos Papagaios, além do Armazém das Rosas. Na frente ao hotel, fica o monumento aos Garimpeiros. Logo após o passeio pela orla, fomos para o parque da cidade.

Em seguida, fomos fazer uma passeio de barco pelo Rio Branco. A intenção era avistar os botos, porém como choveu, o barqueiro falou que os animais estavam escondidos. Mas foi um lindo passeio com direto a arco-íris duplo, além de um lindo por do sol.

Arco-íris no rio Branco

Início do passeio para Venezuela

Na segunda-feira, iniciamos bem cedo com nosso anfitrião Magno, da empresa Roraima Adventure, o deslocamento de aproximadamente 150 km (2 horas) para Santa Helena na Venezuela, passando pela última cidade do Brasil, Pacaraima.

No meio do caminho, paramos no Restaurante Quarto de Bode, que tem como especialidade paçoca de carne seca e um maravilhoso bolinho de macaxeira recheado de carne moída e carne de sol.

Por do sol no rio Branco

Chegamos em Pacaraima e encontramos nossos anfitriões da Venezuela: Antonio Hitcher (Coordenador General Sector II Turismo Ambiente) e Roberto Simon (Cacique da Comunidade Indígena Kanaimo).

Eles nos levaram até a fronteira para entregar os documentos e entrar na Venezuela. Em seguida, fomos até o aeroporto de Santa Helena, onde aguardamos a chegada do avião que nos levara para o Park Nacional de Canaima.

Antonio Hitcher (Coordenador General Sector II Turismo Ambiente), Magno Souza (Roraima Adventures) e Roberto Simon (Cacique da Comunidade Indígena Kanaimo)

A viagem leva cerca de 1 hora mais ou menos. No local, tivemos a oportunidade de sobrevoar Salto Angel (a maior cachoeira do mundo). Foi uma experiencia incrível! E nesse ponto, a viagem começou a ficar emocionante.

Chegada no Park Nacional de Canaima

Tivemos uma recepção calorosa da comunidade indígena e fomos apresentados ao Arnaldo, índio que iria nos acompanhar no passeio. Ele falou o nome indígena dele, mas como era muito complicado, ficamos com o nome tradicional mesmo.

O barco que nos levou à aldeia indígena Sarinpatoy

Do aeroporto passamos para conhecer o Arameru Lodge, onde tem uma réplica da Cachoeira do Salto Angel. O hotel é confortável e com excelentes instalações, além de muito bonito. Após uma rápida visita ao Arameru, nos deslocamos para a Aldeia indígena Sarinpatoy pegando um barco e, em seguida, passamos pela linda lagoa de Canaima, com vista a cachoeiras.

Ao chegar na Aldeia, descobrimos que éramos privilegiados, pois era a primeira vez que eles estavam recebendo um grupo na sua comunidade e que estavam muito felizes com a nossa visita. Logo após o almoço, fomos conhecer as Cataratas do Proropa – Waka – Wadaimo – Kowchik – U-Kaimo da lagoa Kuyarinpa (Canaima) – Salto El Sapo.

Salto del Sapo

Foi passeio maravilhoso! Caminhamos por traz das cachoeiras e, ao ver a paisagem maravilhosa, uma enorme emoção tomou conta de todos e vimos o que nos esperava. A viagem estava só no começo. Retornamos à aldeia, tomamos banho no rio, jantamos e nos preparamos para o pernoite nas redes.

Um resumo do 2º dia

Acordamos cedo, tomamos um delicioso café da manhã com arepa venezuelana, presunto, queijo e omelete e, em seguida, nos despedimos da Aldeia Sarinpatoy. Assim, deixamos para traz a lembrança do visual incrível que ela tem todos os dias.

Nascer do sol Aldeia Sarinpatoy

Começamos nossa caminhada por uma trilha até pegarmos uma curiara (barco típico da região). Percorremos pelos braços do Rio Carrao com destino às confluências do Tubo Zamuro até os Saltos Kurun, onde o visual é incrível.

Em um determinado momento paramos e começamos nossa caminhada por um trilha onde tivemos a oportunidade de ver os índios, em questão de 5 minutos, produzirem peças de artesanato, colhendo o material na mata.

Rio Carrao

Logo após, tivemos a oportunidade de atravessar o rio utilizando uma árvore que estava caída de uma borda a outra. Tivemos que caminhar sobre o tronco com a ajuda de uma madeira para manter o equilíbrio. E somente de meias, pois assim escorregava menos. Após esta pequena aventura, chegávamos a 1ª cachoeira (Salto Kurun). Aproveitamos para nos refrescar e curtir o visual e a água super fresca.

Após o mergulho, iniciamos uma caminhada pela savana até a cachoeira de 7 quedas. O caminho proporciona vários visuais diferentes. O tempo também fechava e abria o tempo todo, mas não tirou o brilho em nenhum momento do Kusari Tepuy.

O visual no caminho é impressionante

Passamos então pela savana, logo depois cruzamos uma mata mais fechada e vários rios, com água acima dos joelhos. Após 1h30min chegamos à cachoeira de 7 quedas (Kanwada’Pa), local com visual incrível. Aproveitamos para descansar e almoçar.

Logo depois, começamos nosso retorno, chegando no final da tarde ao Hotel Waku Lodge, com uma recepção incrível com drinks e uma mesa repleta de delícias.

Tucano no Hotel Waku Lodge

O hotel fica a beira da lagoa de Canaima, com várias redes, cadeiras e locais aconchegantes. É um hotel muito bonito. Do lado de fora, os vários pássaros, tucanos e araras, ficam à nossa volta o tempo todo. Para fechar o dia, tivemos um jantar delicioso, com vinho, cerveja da região e comida típica.

No 3º dia, visitamos rios e cachoeiras

Mais uma vez acordamos bem cedo. Com isso, tivemos a oportunidade de ver com a luz do dia, a beleza do local, dos decks sobre a água e as quedas d’águas em frente ao hotel. Sem contar com a agradável companhia das aves da região no café da manhã, uma experiência incrível.

rio Moroko

Iniciamos nosso dia passando pela barragem onde e gerada a energia da comunidade. Logo após, mais uma vez, pegamos um barco para atravessar as confluências do rio Moroko e do rio Carrao.

Após desembarcar, iniciamos nossa caminhada até o cume do Kurawaimo Tepuy. Passamos por vários tipos de vegetação e em muito locais com uma visão panorâmica dos Tepuyes Kurn e Kusari.

Lesma que se forma dentro da casca da árvore

Tivemos também a oportunidade de ver um tipo de lesma que se forma dentro da casca de uma arvore caída e, logo após, chegamos a uma cachoeira conhecido por alguns como lago azul (piscina do rio Kuarau’Pa).

Após curtirmos bastante esta cachoeira com piscina, iniciamos mais uma caminhada para retornarmos ao barco. Durante o percurso, tivemos a oportunidade de avistar de longe a aldeia Sarinpatoy, onde tínhamos passado nossa primeira noite. Sem dúvida, uma ótima recordação.

Lago azul, piscina do rio Kuarau’Pa

Retornamos à aldeia e fomos almoçar no Hotel Canaima. Os pratos tinham o visual mais incrível que já vi, simplesmente indescritível, dos deuses. Neste hotel, há também uma sala em homenagem ao piloto James “Jimmie” Angel que descobriu o lugar.

Logo após o almoço, tivemos a oportunidade de fazer um tour por toda aldeia Canaima, passando por vários acampamentos (hotéis) locais. Eles atendem diversos tipos de públicos.

Hotel Camp Ucaima (Jungle  Rudy)

Conhecemos também o posto de saúde e passamos pela Associação Civil Comunidade Indígena Kainama. Encerramos nosso dia no Hotel Camp Ucaima (Jungle  Rudy), onde mais uma vez fomos recepcionados com um belo coquetel.

4º dia o grande dia: conhecer Salto Angel

Acordei bem cedo neste dia, pois a vista do quarto era tão incrível que fiquei hipnotizado com a beleza do amanhecer. O cenário se completava com uma bela rede na varanda e o visual de fundo.

Hotel Camp Ucaima ao amanhecer

Tomamos café novamente com presença ilustre dos pássaros locais, inclusive um muito sem vergonha, que subiu no meu ombro e se esfregou na maior folga, limpando o seu bico. Depois disto, não satisfeito foi para o ombro de outra amiga e ficou também se esfregando como se estivesse dizendo, podemos todos conviver juntos.

Em volta, encontramos uma arara muito simpática e fotogênica para continuar a ilustrar o passeio. Estávamos deslumbrados com estes pássaros incríveis, mais neste momento nosso anfitrião Antônio, nos lembrou, estamos saindo para nosso objetivo: conhecer Salto Angel.

Embarcamos mais uma vez em um barco, só que desta vez faríamos um passeio de 4 horas, percorrendo 73 km pelo majestoso Rio Carrao, pelas corredeiras de Aonda e pelo sinioso rio Churun.

Após 40 min chegamos a Mayapa. Desembarcamos para fazer um trecho a pé, pois o barco não poderia passar tão pesado pelas corredeiras. Nesta pequena caminhada, passamos por mais uma aldeia da região (Mayapa). Embarcamos novamente e continuamos nosso passeio.

Corredeiras

No caminho, paramos na cachoeira Saro Paru (poço da felicidade), depois continuamos para área de Aonda Isla Orquidea e percorremos um rio com um visual tão incrível que fiquei sem saber para onde olhar.

Havia várias cachoeiras pelo caminho e em um determinado momento, nossos anfitriões nos mostraram uma das pedras que parecem o rosto de um dos dois índios que ficam olhando e protegendo toda a região. Nos deslocamos mais um pouco e surgiu o rosto do segundo índio. Simplesmente, não há palavras para descrever esta beleza natural.

Trilha a caminho de Salto Angel

Rodamos mais um pouco pelo rio Churun e logo paramos para um pic-nic, e mais uma vez nos deslumbramos com a beleza natural do local. Após o lanche, continuamos nosso passeio pelo rio. Mais uma vez, fizemos uma breve parada para fotografar a pedra do Jacaré.

Enfim, chegamos a Isla Raton. Neste ponto, já podíamos ver Salto Angel na sua totalidade. Havia muita expectativa para chegar ainda mais perto desta incrível obra da natureza. Iniciamos nossa caminhada de aproximadamente 1h30min até o Mirador Laime através da selva e, ao chegarmos, foi difícil conter a emoção.

Salto Angel

Depois de tirarmos várias fotos, nosso anfitrião Antônio propôs – pra quem quisesse – uma caminhada de mais uns 40 minutos pela selva. O objetivo era chegar ainda mais perto da cachoeira de Salto Angel, indo até o Mirador Japonês. Com um detalhe: nós seriamos o segundo grupo a chegar no local.

Mais do que depressa, vários toparam e seguimos em frente. Quando chegamos, o visual foi ainda mais incrível: dava para ver perfeitamente que a água caía de um ponto tão alto que chegava em forma de nuvem de água e, logo em seguida, se tornava aquela imensidão de água novamente.

Mirador Japonês

Iniciamos nosso retorno ao Acampamento Ucaima II, mas no caminho ainda fizemos uma parada na piscina de Salto Angel para tomar um banho na piscina. E assim, mais uma vez, pudemos contemplar a beleza natural do local.

Ao chegarmos no acampamento, tomamos um delicioso banho no rio. No jantar, tivemos a oportunidade de conversar com o Cacique Roberto Simon, que explicou os objetivos da nossa Fan Trip e também os projetos para o aumento do turismo no local e como era importante que nós contássemos a outras pessoas como esta região da Venezuela é segura e tem belezas naturais incríveis.

Venezuela e suas belezas naturais

Aproveitamos para trocarmos ideias sobre este novo projeto e nos comprometemos em ajudar a divulgação do Park Nacional Canaima. Chegamos ao final do dia com a alma lavada e com a sensação de dever cumprido e objetivo atingido. No dia seguinte, sairíamos bem cedo, assim que o dia começou a clarear.

5º dia: despedida de Salto Angel

Nosso dia se iniciou às 4h30min. Tomamos nosso café e logo em seguida iniciamos nosso retorno de barco pelo Rio Churun e Rio Carrao. Achei que já tínhamos visto toda a beleza da região, mas fiquei impressionado com a paisagem do Tepuayan no amanhecer entre as nuvens. Fiquei tão deslumbrado que nem me dei conta do tempo.

Ao amanhecer o visual era incrível

Assim, quando percebi já estávamos novamente desembarcando para fazer nosso caminhada pela Aldeia Indígena de Mayapa, onde o barco tem que estar mais leve para transpor as corredeiras. Na caminhada, tivemos novamente a oportunidade de deslumbrar sobre uma outra iluminação natural a beleza do Tepuy.

Embarcamos novamente no barco e fomos até o porto de Ucaima. De lá, pegamos uns jipinhos super transados e fomos tomar nosso café no Hotel Arameru lodge.

Apresentação da comunidade indígena

A refeição é típica da região e chama-se Criolo. Ele vem com feijão preto, frango desfiado, queijo ralado, ovos e arepa e, em seguida, assistimos uma apresentação da comunidade indígena que me deixou arrepiado e emocionado, pois naquele momento sabíamos que nossa aventura estava acabando.

Fomos avisados que o nosso avião já estava a caminho e, em breve, estaríamos nos despedindo do Park Nacional de Canaima e da experiência mais incrível da minha vida.

Artesanato dos locais

Nosso voo durou 50 minutos até Santa Helena. Infelizmente, não conseguimos sobrevoar novamente Salto Angel, pois tinha muitas nuvens. Almoçamos em Pacaraima, já no Brasil. Logo após, pegamos a van da Roraima Adventure em direção a Boa Vista, uma viagem de aproximadamente 2 horas, chegando novamente no Hotel Aipana Plaza Hotel.

No dia seguinte, nosso anfitrião Magno, da Roraima Adventure,  nos levou para o aeroporto, onde nos despedimos emocionados, pois formamos uma grande amizade. O voo para São Paulo foi tranquilo, com escala de 4 horas em Brasília pela Latam. Fim do passeio mais incrível da minha vida.

Texto de Eduardo Rodrigues

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