Um dos cuidados que tenho ao atuar no turismo receptivo internacional é buscar inovação em serviços, roteiros e experiências para destinos nem sempre tão óbvios. Nos idos 1990, quando iniciei na carreira de guia de turismo, havia uma certa acomodação nos itinerários oferecidos e locais visitados, como por exemplo, o Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Maracanã, praias e por aí vai, em se tratando do Rio de Janeiro, minha principal área de atuação.
O tempo passou, a indústria saiu da zona de conforto e as atividades se multiplicaram em adição as atrações obrigatórias para quem nos visita, sem medo de oferecer novos produtos e experiências. O perfil dos turistas que vêm ao Brasil também mudou. Atualmente, as pessoas buscam uma maior interação com as tradições, pessoas e a cultura das regiões visitadas.
Minha impressão é que a influência das redes fez com que os viajantes procurem não somente informações sobre os atrativos dos destinos elegidos, mas também por uma maior interação com os nativos locais. A experiência mais interativa e humanizada se tornou ponto fundamental nessa escolha.
Felizmente, os principais atores do turismo receptivo, tanto para brasileiros como estrangeiros, entenderam essa demanda. Eles estão oferecendo, com muita criatividade e qualidade, opções e atrativos sem perder a essência do que é o Brasil e o povo brasileiro. Maior interação com as alternativas turísticas de um destino aliado a experiências fora do óbvio são uma renovação de ânimo para expandir o interesse em conhecer o Brasil.
Recentemente,o afro-americano Daniel Blaise compartilhou comigo as suas impressões sobre a sua estadia no Rio de Janeiro, juntamente com a esposa e um grupo de 11 amigos. “Uma coisa que surpreendeu a todos foi a quantidade de vezes que alguns de nós fomos confundidos com brasileiros. Seja nas áreas mais nobres da cidade ou em outras a discriminação com base na cor é difícil e inútil, dada a diversidade do Brasil. Não existe uma verdadeira ‘aparência’ de brasileiro. Vermelho, amarelo, preto, branco, tudo pode ser daqui aos olhos de um brasileiro. Foi uma experiência cinco estrelas. Talvez tenha sido nosso guia, Marcelo, ou nosso grupo incrível. Seja lá o que for, esta primeira viagem ao Rio de Janeiro deixou só sensações boas. Voltaremos!”, garantiu ele.
Essas são respostas positivas e que merecem atenção para sermos, cada vez mais, melhores no que fazemos pelo turismo no Brasil. E dessa forma, conseguimos gerar tanta procura de turistas ávidos por experiências únicas que, seria muita pretensão minha dizer que só aqui tem, mas a bem da verdade, temos de sobra em todas as regiões do País.
