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Os passaportes de vacinação são o futuro, mas como fica a segurança dos nossos dados com ele?

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À medida que a vacinação se expande, a busca por viagens aumenta. As fronteiras estão reabrindo gradativamente as portas para a chegada de viajantes aéreos, trazendo impactos positivos para a retomada do turismo.

De acordo com a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), desde maio, a demanda por pacotes turísticos vem aumentando 20% ao mês. A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) confirma que o aumento é uma realidade. Pelos números da entidade, a expectativa para 2021 é que as agências fechem o ano com vendas próximas a 70% do que vendiam em 2019, antes da pandemia.

Se você está planejando viajar neste verão, provavelmente já ouviu falar sobre os passaportes de vacinação que alguns países estão usando e pode estar se perguntando se precisará de um para as próximas férias. Muitos viajantes são céticos quanto a compartilhar suas informações médicas com terceiros, e com razão. Por isso manter sua identidade digital protegida com um passaporte de vacina é a chave para a implementação segura do documento.

Passaporte de vacinação para brasileiros

Embora o objetivo final seja ter um passe uniforme que seja aceito em qualquer lugar do mundo e manter as identidades digitais protegidas, a realidade é que muitos governos e outras entidades estão testando suas próprias versões de um passaporte de vacina. No Brasil, o certificado digital ConectSUS pode ser emitido em inglês e espanhol e é aceito para ingressar em países que recebem brasileiros vacinados.

Existem também certificados digitais estaduais, que são aceitos dentro dos estados, assim como em São Paulo. Em alguns países, no entanto, será necessário emitir um passe de saúde local ou passar por um teste de antígeno para entrar em alguns ambientes.

Os passaportes para vacinas não são uma ideia nova. A Organização Mundial da Saúde usa o Carte Jaune (cartão amarelo) desde os anos 1930 como um padrão internacional para prova de vacinação que pode ser assinado por um médico. Ainda hoje é usado para certas vacinas como febre amarela, rubéola e cólera. No entanto, sempre foi um pedaço de papel físico, fácil de perder e não impossível de falsificar.

Mas e quanto à segurança dos dados dos cidadãos?

A pandemia de Covid 19 acelerou o processo de digitalização em todo o mundo e, apesar de seus inúmeros benefícios, também mostrou como ainda somos vulneráveis no que diz respeito à segurança de dados. Por isso, deve-se estar atento ao emitir o passaporte digital da vacina.

Em primeiro lugar, para tornar os passaportes de vacinas digitais eficazes, eles devem fornecer privacidade aos usuários e segurança de dados. Uma maneira de fazer isso é com a tecnologia Public Key Infrastructure (PKI), que pode permitir assinaturas digitais no passaporte da vacina que mostram qual autoridade de saúde o emitiu e torna o conteúdo à prova de falsificação. Isso funciona se o passaporte da vacina for impresso como um código QR no papel ou transportado em seu smartphone, ou como parte de um aplicativo.

Os passaportes de vacina mais bem elaborados contêm apenas informações pessoais mínimas para identificar o portador e apenas se comunicam para validar a assinatura baseada em PKI, em vez de transmitir os detalhes do passaporte. Os melhores esquemas são preocupados com a privacidade, de forma que mostrar o status de imunização está totalmente no controle do titular e não deve ser usado para rastreamento ou agregação.

Um futuro mais seguro para passaportes de vacinas

Passaportes de vacina eficazes podem tranquilizar os viajantes sobre sua segurança e eliminar a necessidade de quarentena na chegada, tornando as viagens mais acessíveis. Atualmente, as entidades individuais estão desenvolvendo suas próprias soluções, mas isso cria confusão na fronteira quando diferentes cidadãos têm diferentes tipos de passaportes de vacina, que vão do físico ao digital.

Um passaporte de vacina digital simplificado também tornaria as viagens mais fáceis e rápidas, mas isso pode levar décadas. O sistema de passaporte global levou 50 anos para ser criado e, com a necessidade adicional de privacidade e segurança nos passaportes de vacina digital, pode levar algum tempo até que um passaporte de vacina digital global esteja disponível, momento em que pode simplesmente servir para substituir o físico.

Artigo de Stephen Davidson, gerente sênior da equipe global de governança, risco e conformidade da DigiCert
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