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Momento exige precaução, mas sobretudo racionalidade

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A recente descoberta da nova variante ômicron do coronavírus, considerada preocupante pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reacendeu um alerta de precaução para o setor produtivo brasileiro: será que vai começar tudo de novo?

Tudo indica que não! Os países em geral, incluindo o Brasil, ao contrário do que ocorreu na primeira onda, adotaram medidas rápidas e, com grande parte da população vacinada, tudo leva a crer que não impactará de forma tão agressiva o ambiente econômico, como vivemos, sobretudo, no ano passado.

Economistas têm avaliado que o grau de desconhecimento acerca da nova cepa ainda é alto, mas é razoável pensar em um cenário no qual a variante não deve afetar materialmente a atividade econômica nem inviabilizar o processo de imunização.

Caso isso se confirme e a ômicron não modifique o cenário econômico fundamentalmente, entendemos que a tendência é uma normalização mais veloz da política monetária nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Quanto ao Brasil, o cenário traçado é o de uma Selic em torno de 12%, mas com uma inflação ainda acima do teto da meta em 2022 — em 6%.

Mas como será para o setor de turismo e alimentação fora do lar, um dos mais afetados pela pandemia? Até semana passada, contávamos com cidades, como Foz do Iguaçu, no Paraná, com 100% de sua capacidade para a virada do ano, atingida em setembro deste ano – um resultado fantástico, se considerado todo o repertório do nosso segmento nos últimos 24 meses.

Defendemos a realização das comemorações de Réveillon e de Carnaval com precaução, obviamente exigindo dos turistas de fora os comprovantes de vacinação, bem como o teste PCR, com 72 horas de antecedência, a exemplo de outros países.

Todos sabemos que a retomada do setor vem sendo impulsionada pelo turismo doméstico. Um exemplo é a média diária de voos domésticos que, em novembro, alcançou 78,2% da oferta de voos antes da pandemia, em março de 2020. Já no mercado internacional, a média diária de partidas é de 32,8% da oferta pré-pandemia, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

A expectativa é de que, até o fim deste ano, tenhamos cerca de 85% da malha aérea doméstica e a retomada integral, se nada fugir muito do previsto, deverá ocorrer durante o primeiro trimestre de 2022.

Com a permanência desse cenário, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta que as atividades turísticas faturem R$ 171,9 bilhões ao longo da próxima alta temporada, com base na receita de empresas nacionais. Isso contribuiria para elevar o nível de rendimento ao patamar registrado imediatamente antes do início da pandemia já a partir de maio de 2022.

Caso a tendência permaneça, a expectativa, segundo revela estudo da CNC, é de que o segmento contrate 478,1 mil trabalhadores formais entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, entre eles 81,7 mil voltados especificamente para atender à demanda da alta temporada, com vagas temporárias.

O que prioritariamente parece ser importante neste momento é a racionalidade. Claro que a precaução, por parte dos governantes e órgãos sanitários, se faz necessária, mas com cautela e buscando, ao contrário do que vivemos no ano passado, ouvir os players diretamente envolvidos com o assunto. Afinal, juntos, temos mais chances de encontrar um caminho menos traumático e mais aceitável para todos.

Artigo de Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)
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