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Hotéis e restaurantes têm queda histórica de 44% no faturamento e 397 mil de empregos perdidos

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Entre os setores mais afetados pelas restrições impostas na pandemia, o Turismo e a Hospitalidade (serviço que envolve recepção, acomodação, alimentos e bebidas) sofreu uma queda histórica de 44,8% no faturamento em 2020, com relação ao ano anterior.

Os dados são de uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrando que entre março de 2020 e janeiro de 2021 o setor amargou prejuízos que chegaram a mais de R$ 274 bilhões.

“Foram cerca de 350 mil estabelecimentos fechados desde o início da pandemia. Estamos falando do Turismo e Hospitalidade. São áreas que geram cerca de 7,4 milhões de empregos diretos e indiretos e são responsáveis por 7,7% do Produto Interno Bruto no Brasil e que precisa de apoio para se reerguer”, afirma Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).

Para Sampaio, apesar da crise e da queda histórica, as férias no meio do ano podem ajudar na reação do setor. O empresário acredita que regiões onde a temperatura de julho é mais amena, como o Nordeste, ajudam na recuperação do turismo de lazer.

“Atrelado a isso, viagens e hospedagens relacionadas a petróleo, fronteiras agrícolas, mineração e geração de energia já estão bem aquecidos. E temos ainda o turismo interno como uma forte tendência nos próximos anos, o que ajuda também na recuperação do setor, que só deve retomar os prejuízos só em 2023”, avalia.

De acordo com a Contratuh, confederação que representa mais de quatro milhões de trabalhadores no Turismo e Hospitalidade no Brasil, os números do desemprego também atingiram marcas históricas.

“Fizemos vários acordos para mitigar esses números. Dialogamos com o setor empresarial por alterações nas convenções e acordos coletivos que reduzissem os números de demissões, mas infelizmente, com a queda do faturamento, ainda tivemos cerca de 397 mil postos de trabalho perdidos, de acordo com nosso levantamento junto ao CAGED”, diz Wilson Pereira, presidente da confederação.

Hotéis e restaurantes têm queda histórica de 44% no faturamento e 397 mil de empregos perdidos
“Apesar dos esforços, infelizmente ainda tivemos cerca de 397 mil postos de trabalho perdidos”, lamenta Wilson Pereira (imagem: Contratuh)

Wilson Pereira fala ainda da segurança dos trabalhadores, além das questões empregatícias e econômicas. “Além da preocupação em manter empregos, também visamos a segurança de quem está trabalhando. Entidades filiadas estão sempre fiscalizando locais de trabalho. Enviamos também vários ofícios aos chefes do Congresso Nacional e à Presidência da República para priorizar nosso setor na vacinação, visto o nível de exposição que esses profissionais enfrentam”, reforça.

Endividamento do setor é o maior desafio

Outro desafio para reaquecer o setor de Turismo e Hospitalidade é como lidar com o endividamento dos estabelecimentos. Segundo Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), 73% dos bares e restaurantes no Brasil estão com dívidas de aluguel, impostos e empréstimos bancários.

“Essa situação de endividamento irá demorar de dois a cinco anos para voltar à normalidade. Ele só se resolverá com o aumento do faturamento. Entramos com ações de reparação nos 275 municípios que atuamos, em todos os estados. Queremos que o governadores e prefeitos reconheçam que o setor teve uma queda histórica e pagou uma conta injusta e desproporcional. O fato é que impuseram restrições e fechamentos que provocaram perdas imensuráveis. Por isso, precisamos de reparos para reduzir esses danos, a exemplo do que ocorre nos EUA e na Europa”, explica.

Hotéis e restaurantes têm queda histórica de 44% no faturamento e 397 mil de empregos perdidos
“Queremos que governadores e prefeitos reconheçam que o setor pagou uma conta injusta e desproporcional”, alega Solmucci (imagem: Abrasel)

Solmucci alerta ainda para a questão da mão de obra qualificada, que avalia ser bem escassa. “Já estamos com dificuldade de achar profissionais qualificados, com o mercado voltando a ficar aquecido no segundo semestre. Várias pessoas que trabalhavam no setor migraram para outras áreas, o que prejudicou a busca por esses profissionais”.

Para a Contratuh, o desafio de gerar emprego qualificado passa pela união de todas as entidades envolvidas.

“Nossas entidades oferecem cursos, mas não é o bastante para a demanda. Vamos conversar com a CNC e com outras entidades de representação patronal para criarmos uma força tarefa conjunta de qualificação, visando os setores que mais precisam de profissionais. Assim, todos iremos ganhar. Haverá geração de emprego e renda e aumento na receita e no faturamento das empresas”, esclarece Wilson Pereira.

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