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O Da Vinci medieval inserido na arte do século XXI

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O pintor italiano da alta renascença, Leonardo Da Vinci (1452 – 1519), foi muito além das obras Monalisa e A Última Ceia. Ele também era cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, também reconhecido por muitos como gênio.

O Da Vinci medieval inserido na arte do século XXI

A arte medieval inserida nos tempos contemporâneos não tem obras originais, mas réplicas que são ampliadas num show de projeções embaladas por músicas clássicas. A exposição imersiva Os Mundos do Leonardo da Vinci está instalada no Shopping Morumbi, em São Paulo.

O curador da exposição, Alexis Anastasiou, é fundador da Visualfarm (2003), que é especializada em arte e tecnologia, idealizador do Festival de Luzes de São Paulo, VJ e autor do livro Mappingfesto (2017).

A exposição Os Mundos do Leonardo da Vinci ocupa um espaço de 3.000m² com 8 salas interativas e ainda terá no dia 7 de setembro na área externa do shopping, próximo à roda gigante, um show de 130 drones que recriará assim algumas das mais famosas obras do Leonado Da Vinci como Mona Lisa, o Homem Vetruviano e As Asas, entre outras. Já houve duas apresentações nos sábados anteriores.

O Da Vinci medieval inserido na arte do século XXI

Alexis Anastasiou falou com a Revista Marco Zero, confira abaixo:

Revista Marco Zero: Fale um pouco sobre a sua trajetória com a tecnologia das projeções.

Alexis Anastasiou: Eu comecei o meu trabalho como VJ, tocando imagens nas pistas na década de noventa. Fui portanto uma das primeiras pessoas a fazer esse trabalho de VJ no Brasil. Depois eu acabei indo projetar no espaço público, fazendo mapping, projeções mapeadas em prédios, espetáculos de arte mídia e projeções para o Vídeo Guerrilha e o Festival de Luzes de São Paulo.

Os espetáculos com drones, trabalhando sempre com domos que são como se fosse planetários, fazem parte da primeira grande exposição que eu estou dirigindo e a Visualfarm fazendo. Ela junta todas essas tecnologias e visões em apenas um espaço, entregando uma experiência imersiva.

Revista Marco Zero: Viabilizar uma exposição deste tamanho no Brasil não é fácil, nos conte um pouco desta saga.

Alexis Anastasiou: A gente está tentando fazer esta exposição desde 2016 e conseguiu assim a parceria com o Shopping Morumbi Shopping, que nos apoiou e acreditou nessa possibilidade de ter um estúdio brasileiro, a Visofarm, fazendo uma exposição. Fala sobre renascentismo e o lado do Da Vinci como um polímata artista, engenheiro, designer, desenhista de canais, diretor de teatro, criador de figurinos, cenários. Então, a gente tenta dessa forma olhar para o Leonardo da Vinci sobre todas essas facetas.

Revista Marco Zero: Como se deu sua escolha pelo Leonardo da Vinci na sua primeira exposição?

Alexis Anastasiou: Leonardo da Vinci é um mistério. Às vezes, a gente tem uns seres humanos que eles acontecem, parece que é uma explosão sobre a genialidade que ilumina em torno, às vezes demora séculos para você olhar para o que ele fez e entender essa genialidade. Então, teve coisas que ele já havia descoberto e que ficaram escondidas nos cadernos de anotações deles, que depois foram aperfeiçoadas por cientista 100 e 200 anos depois.

Da Vinci não gastava muito tempo na divulgação do que ele desenvolvia e desenterrava. Ele não tinha portanto essa preocupação em espalhar conhecimentos, tanto que só tem um livro. Ele poderia ter vinte livros e, se ele tivesse feito isso, eu acho que a humanidade estaria assim muito mais avançada. Talvez, hoje em dia, a gente já estivesse colonizando Marte.

Revista Marco Zero: Como você enxerga a tendência da exposição imersiva sobre artistas consagrados nos séculos passados?

Alexis Anastasiou: Eu acredito ter criado um formato de exposição, o que a Visualfarm está tentando fazer aqui é entender a exposição imersiva não como um produto enlatado, mas com uma obra autoral a respeito de um outro artista, como é um documentário. E essa linguagem está começando a ser desenvolvida ainda, mas ela é uma linguagem que vai juntar tecnologia com música, com atores. Então, eu acho que essa experiência imersiva está sendo a reconstrução de uma experiência progressiva de uma forma muito mais rica.

A locução na exposição deixa a apresentação como uma peça viva e está sendo melhorada como uma obra autoral sobre outro artista.

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Revista Marco Zero: Como foi produzida a trilha sonora da exposição?

Alexis Anastasiou: Metade da trilha sonora do espaço são composições originais, feitas com músicos, gravamos com maestro em conjunto com a Gandaia que é um estúdio de som que trabalha com a gente. As outras são músicas clássicas já existentes.

Estamos começando a experimentar o fato de você ter um imersivo com uma locução, uma explicação das obras com áudios. Estamos estudando as possibilidades, entendendo como encaixar isso, como ter uma experiência mais abstrata para quem quer experiência com informação. E esse formato não existe em nenhuma imersiva que eu conheço ainda. Assim, estamos desenvolvendo e aprendendo como fazer. Eu acho que tem esse ponto que vai sendo melhorado e colocado.

Revista Marco Zero: Quais os seus próximos projetos?

Alexis Anastasiou: A gente vai fazer aqui em outubro o Festival de Luzes de São Paulo. Nessa etapa, ele vai ser no entorno do Shopping Morumbi e vai dessa forma dialogar com a exposição, Os Mundos do Leonardo da Vinci, e como show de drones, um espaço imersivo na praça, do lado externo, com intervenções nas árvores. A exposição do Leonardo vai continuar sendo melhorada, modificada e aperfeiçoada, pois toda semana estão sendo dessa forma introduzidos novos elementos.

O Da Vinci medieval inserido na arte do século XXI

Serviços da Exposição Os Mundos do Leonardo da Vinci

Data: a partir do dia 20 de julho de 2023

Hora: Todos os dias das 10h às 22h

Duração: Aproximadamente 60 minutos

Localização: Morumbi Shopping – Av. Roque Petroni Junior, 1089 Jardim das Acácias. São Paulo. SP.

Idade: Livre

Ingressos: de R$ 35,00 a 90 reais.

Acessibilidade: O espaço possui acessibilidade, garantindo e priorizando o livre acesso de idosos e portadores de necessidades especiais e mobilidade reduzida.

Texto e fotos de Mary de Aquino
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