Os cristais de quartzo produzidos em Cristalina (GO) receberam o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG). Eles foram relacionados como Indicação de Procedência (IP) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O produto é a 138ª IG nacional.
“Foi uma conquista muito importante para nossos garimpeiros, artesãos e para a nossa cidade. Temos a maior reserva de cristal do mundo, mas ainda não tínhamos um documento que pudesse certificar de forma oficial. Agora, com a indicação de procedência da IG, podemos emitir o selo de origem do nosso cristal”, comemora o vice-presidente da Associação dos Artesãos de Cristalina, William Souto.
Uma lei estadual sancionada em 21 de junho de 2024 nomeou oficialmente a cidade como Capital Goiana dos Cristais. A lapidação dos cristais e o turismo relacionado à atividade correspondem entre 5% e 10% do PIB do município, segundo o governo local.
O que diferencia o mineral da região é a variação do cristal, chamado de lemuriana. Ele apresenta uma série de linhas semelhantes a códigos de barras. Segundo a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, esse reconhecimento potencializa o reconhecimento da região.
“Com a IG, Cristalina ganha reconhecimento nacional, podendo atrair mais interessados no produto e incentivando a região a investir na lapidação do cristal e em outras atividades relacionadas, como o turismo”, avalia.
Cidade dos Cristais
Os bandeirantes paulistas encontraram, em 1797, uma serra com uma enorme quantidade de cristais de rocha de todos os tipos e tamanhos espalhados pelo chão. Como buscavam ouro, os exploradores não aproveitaram o mineral da região.
Em 1879, dois franceses, Etienne Lepesqueur e Léon Laboissière, enviaram amostras de cristais para Paris e as venderam por bom preço. A pureza e a qualidade levaram artesãos a transformar os cristais em instrumentos de ótica e peças de artesanato para enfeitar as casas da burguesia francesa.
A partir daí, trabalhadores e comerciantes formaram o Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais, elevado à categoria de município em 1917. Segundo a Associação dos Artesãos de Cristalina, a atividade de lapidação e comercialização dos cristais permitiu a criação do Mercado do Cristal, especializado na venda de itens produzidos na cidade.
Indicações Geográficas
As Indicações Geográficas (IG) valorizam coletivamente produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível.
Essa herança abrange vários aspectos relevantes: definem a área de produção, asseguram a tipicidade, desenvolvem os produtos com autenticidade e seguem disciplina no método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.