Nos dias 4 e 5 de junho, o Megapolis Hotel, na cidade do Panamá, foi palco do MarketHub Américas 2025, um dos encontros mais influentes do setor de turismo, promovido pelo HBX Group. Entre as apresentações mais aguardadas estava a palestra de Javier Cabrerizo, Chief Strategy & Transformation Officer do HBX Group, que discorreu sobre o papel decisivo da Geração Z na reformulação do turismo global.
Em entrevista exclusiva à Revista Marco Zero, Cabrerizo destacou como o comportamento dessa geração está mudando a lógica de consumo e impulsionando uma nova era de personalização e tecnologia no setor.
Viagem como expressão pessoal
Com o título “Gen Z’s Role in the Connected Future of Travel”, a keynote de Cabrerizo abordou como os jovens nascidos entre 1995 e 2010 estão priorizando experiências sobre posses. “A Geração Z gasta 20% mais do que a média dos viajantes, não porque ganhem mais, mas porque priorizam o turismo como forma de autoexpressão”, afirmou.
Para Cabrerizo, esse grupo não quer apenas visitar lugares populares, mas viver experiências únicas e autênticas. “Eles não estão em busca daquela casa fantástica ou do carro rápido. Eles querem conhecer o mundo, se conectar com outras culturas e registrar momentos memoráveis.”
Uma janela para o futuro com seis bilhões de buscas diárias
Na estratégia do HBX Group, a tecnologia e os dados desempenham papel central para entender e antecipar o comportamento dos viajantes. “Recebemos cerca de seis bilhões de buscas por dia. Isso nos dá uma janela clara sobre o que as pessoas estão planejando. Podemos prever quais destinos estão crescendo, quais perfis de hotéis ganham preferência, e até mesmo tendências emergentes”, explicou Cabrerizo.
Esses insights alimentam o que ele chama de “estratégia de ecossistema”, que visa integrar todos os elementos da jornada de viagem – transporte, hospedagem, experiências – em um sistema personalizado e sem fricções. “Queremos acabar com o turismo fragmentado. A experiência precisa ser fluida, feita sob medida para cada pessoa”, completou.
Do turismo massivo aos nichos em ascensão
Cabrerizo também chamou atenção para a crescente valorização dos segmentos de nicho, como turismo LGBTQIA+, de aventura, de luxo, viagens solo e para seniores. Segundo ele, a era do mercado massivo está ficando para trás.
“A tecnologia permite que a gente atenda a microsegmentos com mais eficiência. Hoje, esses públicos antes negligenciados têm escala, têm visibilidade. Isso está mudando a forma como desenvolvemos produtos e como nos conectamos com os viajantes.”
Destinos emergentes e as “gemas ocultas”
Uma das tendências mais claras, segundo o executivo, é o interesse crescente por destinos menos explorados, as chamadas hidden gems. “A geração Z não quer ir onde todo mundo vai. Eles buscam autenticidade, experiências únicas, e isso está influenciando outras gerações também”, disse.
Ele citou exemplos como as Ilhas Azores e o turismo de aurora boreal na Islândia como alternativas ao turismo tradicional de massa. “As pessoas estão dispostas a se afastar dos grandes centros para ter uma experiência diferenciada, mais conectada com as comunidades locais.”
Capacitação e investimentos para destinos do futuro
No entanto, ele ressalta que o crescimento desses destinos emergentes exige preparo. “Um dos grandes desafios é a profissionalização dessas regiões. Os governos e empresas precisam investir para garantir uma boa infraestrutura e experiência de qualidade.”
Nesse ponto, o papel do HBX é atuar como conector entre dados, tecnologia e parceiros locais. “Estamos constantemente em diálogo com redes hoteleiras, operadores de experiências e governos para identificar oportunidades e fomentar o investimento certo nos lugares certos”, concluiu.
Com um olhar voltado para o futuro, Cabrerizo reforça a missão do HBX Group: antecipar tendências e construir uma indústria de turismo mais integrada, personalizada e inclusiva. “Nosso trabalho é definir o futuro. E ele está sendo moldado agora, pelos dados, pela tecnologia e principalmente pelas pessoas.”
