O trio Expressión Tango formado por Verónica Lena, Rodrigo Barraza e Jorge Sequeira transforma bares e restaurantes da capital argentina em palcos improvisados de poesia e compasso.
Verónica Lena reencontra o primeiro amor
A trajetória de Verónica Lena começou longe do tango. Estudava cerâmica em uma escola importante da Zona Sul de Buenos Aires, mas abandonou a formação a um ano de se graduar. “Era muito estático para mim. Precisava de movimento”, lembra a artista.
O encontro com o tango foi arrebatador. “Me enamorei tanto do que vi em uma apresentação que procurei aquele mestre. Decidi que tinha que viver disso”, conta Lena, que buscou técnicas de dança clássica, jazz e contemporânea para enriquecer sua expressão no tango.
Hoje, após 30 anos de carreira com pausas para formar família, a dançarina voltou ao palco com intensidade. “É como voltar ao primeiro amor. Nunca deixei de amar, só precisei deixá-lo de lado. Agora estou reconciliada com ele”, afirma.
Rodrigo Barraza deixa a cozinha para viver do tango
Natural de Mar del Plata, Rodrigo Barraza encontrou no tango uma virada de vida. Antes de dançar profissionalmente, estudava Direito e trabalhava como cozinheiro em restaurantes de Buenos Aires. O tango era um hobby de família, mas tornou-se destino. “Há mais de dez anos vivo 100% disso. Dou aulas, faço shows, eventos. É um prazer enorme”, explica.
Barraza é fundador da Expressión Tango e idealizador da proposta de espetáculos curtos e surpresa. “Oferecemos um show de apenas nove minutos. É mágico, inesperado e não interrompe a vida do lugar. Depois passamos com o chapéu, mas muitas vezes surgem convites para eventos privados. É arte e também publicidade”, resume o bailarino.
Jorge Sequeira transforma o bandoneón em ritual
Aos 31 anos, Jorge Sequeira carrega duas décadas dedicadas ao bandoneón, instrumento que começou a tocar aos 11. Sua formação inclui a Orquestra Escuela Emilio Balcarce, referência em Buenos Aires, e hoje ele combina a atuação em casas de tango com projetos autorais, como o Trumirato.
“Sentar para tocar, estudar e escrever música é um ritual, uma liturgia. Trabalhar com o que se ama é um privilégio”, define Sequeira. Além de arranjador e intérprete, o músico tem se dedicado também à composição. Na Expressión Tango, é o fio condutor que dá vida ao compasso dançado por Lena e Barraza.
Arte que aparece sem aviso
A Expressión Tango percorre restaurantes, museus e centros culturais de Buenos Aires com a mesma filosofia: transformar encontros cotidianos em celebrações inesperadas. Entre os locais já visitados está o restaurante La Capitana, batizado em homenagem a Evita Perón.
“É um lugar de amor, sempre aberto aos trabalhadores. Nós, como artistas, tínhamos que levar também o nosso show ali”, conta Lena.
Com três artistas de trajetórias distintas, mas unidos pelo mesmo compasso, a Expressión Tango mostra que o tango continua a seduzir gerações, surpreendendo quem cruza com sua poesia dançada nas noites portenhas.
