Realizado em 15 de dezembro, em São Paulo, o encontro reuniu lideranças do poder público e do mercado do turismo para discutir profissionalização, protagonismo feminino, uso de dados e investimentos no turismo paulista.

Diálogo entre poder público e iniciativa privada
O evento Conversando com Quem Faz a Diferença – O Fator Turismo, realizado em São Paulo, foi conduzido por Agostinho Turbian, presidente do GCSM. O debate contou com a participação de Bianca Colepícolo, secretária de Turismo da Prefeitura de Caraguatatuba, Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, e Juliana Assumpção, diretora executiva da ABAV-SP, em uma conversa centrada na gestão técnica, no fortalecimento do mercado e na construção de políticas públicas estruturantes.
O protagonismo feminino no turismo
A presença das mulheres em posições estratégicas foi um dos temas centrais do encontro. Bianca Colepícolo, com 15 anos de experiência na gestão pública, destacou a evolução desse cenário ao longo do tempo.
“A gente vai conquistando cada vez mais espaço, mostrando eficiência na gestão. Não só no turismo, mas em todas as áreas”, afirmou a secretária.
Ela ressaltou ainda que o turismo reflete um movimento mais amplo de profissionalização, no qual mulheres ocupam cargos técnicos e de liderança, contribuindo para decisões mais qualificadas e orientadas a resultados.
Na mesma linha, Roberto de Lucena destacou que a maioria dos gestores municipais de turismo em São Paulo é composta por mulheres. “Elas estudam, se especializam, se profissionalizam, e isso tem oferecido uma condição de qualidade maior ao trabalho e ao diálogo entre o público e o privado”, afirmou o secretário. Segundo ele, 75% da equipe da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado é formada por mulheres, muitas em posições estratégicas de decisão.
A profissionalização do turismo como política de Estado
Bianca Colepícolo relembrou que a transformação do turismo paulista ganhou força a partir da criação da Lei dos Municípios de Interesse Turístico (MITs), na primeira gestão de Roberto de Lucena à frente da pasta estadual. “Foi o início de um processo de profissionalização do turismo do Estado”, disse.
Atualmente, 44% dos municípios paulistas integram a política estadual de turismo. São 78 estâncias turísticas e 244 municípios classificados, dentro de um universo de 645 cidades. O ranqueamento periódico define o acesso a recursos, estimula o planejamento contínuo e orienta a aplicação responsável do dinheiro público.
Dados, planejamento e sustentabilidade econômica
Especialistas apontaram o uso de inteligência e dados como essencial para consolidar o turismo como uma atividade econômica estruturada. O Estado criou o Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET) e avançou com a implantação de uma rede estadual de observatórios, conectando mais de 24 observatórios municipais, acadêmicos e privados.
Para Bianca, esse modelo permite separar ações de impacto real de iniciativas pontuais. “O turismo ainda está muito vinculado a shows e eventos, mas nem sempre se mede o impacto econômico disso. Com dados, a política de Estado começa a não deixar brechas para o uso inadequado dos recursos”, afirmou.
Infraestrutura, conectividade e novos fluxos
A secretária de Turismo de Caraguatatuba destacou a articulação regional para ampliar a conectividade aérea e integrar modais. Especialistas apontam o aeroporto de São José dos Campos como estratégico para atrair voos internacionais, especialmente da Argentina e do Chile, conectando o turismo aéreo ao turismo náutico do Litoral Norte.
“Você chega em uma hora e meia do aeroporto até Caraguá e, em poucos minutos, consegue acessar Ilhabela, São Sebastião ou Ubatuba”, explicou.
Ela também alertou para gargalos ainda presentes em destinos turísticos, como saneamento, mobilidade urbana, infraestrutura básica e a dificuldade de coleta de dados precisos sobre fluxo e perfil dos visitantes.
Investimentos e a dimensão econômica do turismo paulista
Ao apresentar um panorama do Estado, Roberto de Lucena destacou a escala econômica de São Paulo. O Estado reúne nove das dez maiores economias do Brasil, abriga três dos principais aeroportos do país, possui mais de 200 aeroportos regionais em operação e 880 quilômetros de litoral.
Segundo o secretário, São Paulo mantém atualmente 60 projetos estruturados, prontos para apresentação ao mercado. Eles somam mais de R$ 16 bilhões, com potencial de ultrapassar R$ 100 bilhões em investimentos privados. O setor também dispõe do maior programa de crédito turístico do Brasil, com R$ 6 bilhões disponíveis, sendo R$ 3 bilhões já contratados para projetos de infraestrutura, capacitação e novos empreendimentos.
“O turismo entrou definitivamente na agenda econômica do Estado e do país. Estamos falando de negócio, com retorno rápido e grande capacidade de geração de empregos”, afirmou Lucena.
Formação profissional e o papel do trade
Representando o setor privado, Juliana Assumpção destacou que as mulheres também predominam entre as agências associadas à ABAV-SP. Embora as mulheres componham cerca de 40% da diretoria, elas predominam nas equipes operacionais.
Ela apresentou iniciativas voltadas à formação profissional, que aproximam estudantes da realidade do mercado por meio de programas com 42 horas de vivência prática e conexão direta com empresas associadas. “Hoje, cerca de 24% dos alunos desses projetos já estão inseridos no mercado de trabalho”, afirmou.
Reconhecimento nacional do trabalho desenvolvido
Roberto de Lucena comentou a importância de receber o Prêmio Nacional do Turismo 2025, concedido pelo Ministério do Turismo, na categoria Governo – Dirigentes e Parlamentares.
“Foi uma honra enorme, em nome de São Paulo e do trabalho desenvolvido em parceria entre o poder público e a iniciativa privada”, declarou.
Segundo o secretário, o prêmio simboliza o reconhecimento de uma política pública construída com base em planejamento, dados, infraestrutura e diálogo com o mercado, consolidando um legado para o turismo paulista.




