Com a crescente demanda por turismo de natureza e experiências em parques nacionais, a Parquetur vem desempenhando papel estratégico na gestão da visitação e desenvolvimento desses espaços no Brasil. Em entrevista no Salão Nacional do Turismo, o diretor executivo da empresa, Pedro Cleto, e o gerente de marketing, Isaías Júnior, detalharam iniciativas voltadas à infraestrutura, preservação histórica e à educação do visitante.

O Salão Nacional do Turismo realizou sua 9ª edição em São Paulo, no Distrito Anhembi, entre 21 e 23 de agosto de 2025. Com o tema “Diversidade, Inclusão e Sustentabilidade no Turismo”, o evento foi promovido pelo Ministério do Turismo em parceria com o governo estadual e a prefeitura.
Ao longo de três dias, os 27 estados apresentaram suas atrações por meio da gastronomia, artesanato e manifestações culturais. A programação incluiu experiências imersivas, debates, treinamentos e espaços de negócios.
Também houve exposições e apresentações artísticas que destacaram a criatividade e diversidade do país. O encontro transformou a cidade em vitrine do turismo e da cultura brasileira.
Concessões em parques nacionais: desafios e avanços
Segundo Cleto, as concessões nos parques são fundamentais para garantir infraestrutura mínima e melhorar a experiência do visitante. “Até 48% dos parques no Brasil não têm sequer banheiro. Como oferecer uma visitação adequada sem estrutura básica?”, questionou.
O diretor destacou que as concessões são recentes no Brasil: a primeira ocorreu em 1999, nas Cataratas do Iguaçu. “De 18 para cá, já foram concessionados cerca de 50 parques. É uma ferramenta nova, mas essencial para que a visitação aconteça de forma organizada”, afirmou.
Cleto também ressaltou que nem todas as unidades de conservação precisam de concessão. “Dependendo do porte do parque e do volume de visitantes, outras ferramentas podem ser mais eficientes”, completou.
Preservação do patrimônio histórico e cultural
Além da infraestrutura, Cleto enfatizou a importância de preservar monumentos históricos localizados nos parques. “No Caminho do Mar, a 50 minutos de São Paulo, restauramos nove monumentos históricos com 102 anos, desde a calçada de Lorena até o Pouso Paranapiacaba, construídos para comemorar os 100 anos da Independência”, explicou.
Outro exemplo é o Itacolomi, próximo a Ouro Preto, que possui casas bandeiristas usadas para cobrança de impostos no ciclo do ouro. “Nosso objetivo é permitir que as pessoas conheçam e usufruam desses monumentos, mantendo sua integridade histórica”, disse Cleto.
Turismo científico e arqueológico
O diretor destacou descobertas recentes em parques como Itatiaia. “Encontramos sítios com pinturas rupestres de 3.500 a 4 mil anos. Estamos trabalhando com pesquisadores do Museu Nacional para compreender sua grandiosidade e estruturar a visitação”, explicou.
Cleto ressaltou que a ideia é integrar a arqueologia e a ciência à experiência turística, criando oportunidades de educação e lazer. “Queremos que os visitantes tenham acesso a descobertas históricas de forma organizada e segura”, disse.
Segurança e gestão de riscos
A segurança dos parques é prioridade. Segundo Cleto, o papel da Parquetur é orientar e educar o visitante sobre riscos, como incêndios e cabeças d’água. “Temos protocolos claros e sistemas de gestão de segurança (SGS) para apoiar visitantes em qualquer situação de risco”, explicou.
Sobre a Chapada dos Guimarães, ele afirmou que a estrada de acesso ainda passa por ajustes e que a operação será retomada em breve, garantindo pleno funcionamento do parque. “Vamos oferecer suporte total para que a visitação aconteça de forma segura e organizada”, disse.
Marketing e divulgação das experiências
Para Isaías Júnior – gerente de marketing da Parquetur, o marketing nos parques é mais educativo do que promocional. “Nosso objetivo é mostrar ao visitante que ele pode entrar no parque com transporte, segurança, guias credenciados e programação completa. É uma questão de conscientização e preparação”, explicou.
O gerente destacou que, uma vez que o visitante chega e vivencia o parque, surge o engajamento natural. “Ele observa a natureza, dorme ao som dos pássaros e se encanta. A partir daí, começamos estratégias mais tradicionais para aumentar o fluxo e fidelização”, afirmou.
Boas perspectivas
Para Cleto e Júnior, o Brasil tem enorme potencial para transformar seus parques em produtos turísticos estruturados, com impacto positivo na economia local. “O turismo gera uma cadeia inteira de empregos, da hotelaria aos artesanatos. Precisamos encontrar o formato certo para oferecer experiência, segurança e preservação”, concluiu Cleto.