Localizado entre os municípios de São Domingos e Guarani de Goiás, o Parque Estadual de Terra Ronca recebeu em maio um curso de práticas de conservação e recuperação ambiental em cavernas turísticas. A atividade fez parte do Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil).

Ministrado pelos espeleólogos Luciana Alt e Vitor Moura, o objetivo do curso é capacitar pessoas que atuam nesses ambientes naturais nas atividades de gestão, instalação e manutenção de infraestrutura ou atividades de uso público, como condutores de visitantes, brigadistas, servidores públicos, entre outros.
Terra Ronca reúne mais de 200 cachoeiras e mais de 100 outros atrativos naturais. Com uma área que corresponde a quase 80 mil campos de futebol, a unidade de conservação conta atualmente com cinco cavernas abertas à visitação: Terra Ronca I e II, Angélica, São Bernardo e São Mateus.
Segundo o espeleólogo Vitor Moura, a ideia da iniciativa é promover o turismo sustentável na região e para que isso aconteça, é necessário que os visitantes compreendam sobre a fragilidade e a baixa resiliência inerente aos ambientes cavernícolas.
“Entre os principais impactos negativos observados nas cavernas, estão pisoteamentos em grandes áreas, pichações, assim como quebra de espeleotemas. Quando o turista entra numa caverna, geralmente ele não sabe que esse é um ambiente muito frágil e vulnerável. Qualquer dano que for feito, provavelmente não haverá recuperação ou a recuperação será muito difícil. Se o turista souber disso, ele poderá ter uma noção de conservação melhor. Essa é a ideia central do curso. Fazer um dano em uma caverna é muito fácil, mas recuperar é muito difícil ou impossível”, reitera Vitor.

Sobre o curso de conservação e recuperação ambiental em cavernas turísticas
Quanto às técnicas utilizadas no trabalho de recuperação de cavernas, Luciana Alt explica que “é fundamental não utilizar produtos químicos e não realizar ações que porventura amplifiquem ou agravem os danos existentes ou causem novos danos”. Além disso, são usadas técnicas de mapeamento de impactos, monitoramento, limpeza de espeleotemas e remoção de pixações.
Vitor e Luciana também afirmam que o curso de conservação e recuperação de cavernas dá um enfoque muito maior ao monitoramento e ao mapeamento de impactos do que os cursos oferecidos no exterior. Segundo os espeleólogos, esse é o principal diferencial aqui no país. “As ações de conservação que existem fora do Brasil são mais de recuperação de danos efetivamente, não há tanto essa preocupação que a gente tem com o monitoramento”, afirmou Vitor.
PAN Cavernas do Brasil
Além de oferecer o curso de conservação e recuperação de cavernas, o PAN Cavernas do Brasil executa outras 42 ações, distribuídas em quatro objetivos específicos, com o propósito de cumprir seu objetivo geral: prevenir, reduzir e mitigar, em cinco anos, os impactos e danos antrópicos sobre o patrimônio espeleológico brasileiro, suas espécies e ambientes associados. Além disso, contempla 169 táxons nacionalmente ameaçados de extinção, estabelecendo seu objetivo geral, objetivos específicos, prazo de execução, formas de implementação, supervisão e revisão.