Durante dois dias o 7° Congresso Estadual Empresarial de Turismo, realizado pela primeira vez no Rio de Janeiro nos dias 16 e 17 de julho, reuniu especialistas nacionais e internacionais em painéis voltados para capacitar os participantes, para fortalecer os destinos turísticos e gerar novas oportunidades de negócios. Além de compartilhar informações e conhecimento para habilitar o setor empresarial do turismo, também apresentou estratégias de promoção e destacou a importância da geração de emprego e renda.
Os dados oficiais sobre o turismo nacional são animadores, tanto para o Brasil como para o estado fluminense. Nos primeiros 5 meses de 2025, nosso país recebeu 4,8 milhões de turistas internacionais, um crescimento de 49,7% em relação ao mesmo período de 2024, já atingindo 70% da meta anual de 6,9 milhões de visitantes estabelecida pelo Plano Nacional de Turismo. A expectativa é que o Brasil atinja 8 milhões de turistas internacionais até o final do ano. O Rio de Janeiro, em particular, destaca-se como um dos principais destinos, sendo considerado o portão de entrada do turismo internacional.
Entre janeiro e maio de 2025, o estado recebeu mais de 1 milhão de turistas estrangeiros. Um aumento de 52,3% em comparação com o mesmo período de 2024. Somente no primeiro trimestre de 2025, o turismo internacional movimentou R$ 2,1 bilhões na cidade do Rio. Foram 744,1 mil visitantes estrangeiros, representando um crescimento de mais de 50% em relação a 2024.
A Federação de Conventions, constituída exclusivamente por entidades que atuam com o Convention & Visitors Bureaux, conta atualmente com 22 escritórios, representando 37 cidades turísticas, e vem atuando para aumentar o número de dias que esse turista permanece no estado, promovendo os destinos do interior em conjunto com a capital.
A realização do 7º Congresso Estadual Empresarial de Turismo busca o compartilhamento e a interlocução entre os municípios e suas respectivas instituições, de forma a consolidar o setor em todo o estado. A intenção é mostrar que não são somente municípios, mas destinos turísticos diversos e potentes, que têm a cidade do Rio de Janeiro como ponto de partida para a jornada de turistas estrangeiros e sede de grandes eventos. E para que o turismo cumpra o seu papel como instrumento de transformação social e econômica, é essencial não apenas fomentar a profissionalização do setor, mas também viabilizar o investimento em infraestrutura e promover o turismo de maneira estratégica.
Em ritmo promissor
O secretário de Estado de Turismo do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca, declarou que o Rio de Janeiro vive um momento histórico na área do turismo. “Em novembro de 2020, no auge da pandemia, fui convidado para assumir o cargo a convite do governador Cláudio Castro. Confesso que, nem nos meus maiores sonhos, eu imaginaria estar colhendo todos esses números nos dias de hoje. Era um momento difícil, um momento em que a gente não tinha um horizonte e não sabia o que esperar. O setor sofria muito. O que fizemos, daquele momento para cá, foi construir uma grande unidade, uma grande parceria da iniciativa privada com o setor público, para que pudéssemos chegar a esse momento, com recorde de turistas, mais de 1,1 milhão até junho”.

Ele lembrou que no final do ano passado, ao celebrar o número de 1,5 milhão de turistas internacionais do Rio de Janeiro, havia a projeção de um aumento de 20% para 2025. “A gente faz, a gente colhe. Neste primeiro semestre, crescemos na ordem de 50% e isso nos permite imaginar que podemos ultrapassar, ficar muito próximos da casa de dois milhões de turistas internacionais”. Tutuca valorizou eventos como o congresso, fundamentais nesse processo.
“Estamos fazendo a promoção e a divulgação do Rio de Janeiro em mais de 20 destinos do mundo e em mais de 15 cidades brasileiras, seja realizando eventos próprios ou participando de feiras. Vamos fazer nossas Expos, como a Expo Rio, uma conexão do turismo de proximidade das 12 regiões do estado, e eventos que qualifiquem todos os setores e destinos para ajudar a gente receber melhor o nosso turista. Estamos abrindo novos mercados, novas modalidades e inovando sempre”, enfatizou o secretário.
Quanto ao orçamento para o setor, Tutuca revelou que sua secretaria vai dispor de cerca de R$ 90 milhões. Um aumento de quase cinco vezes para investir em promoção e atração de eventos. “A recuperação mundial e os números do turismo internacional e do doméstico me fazem ter a certeza de que temos um horizonte enorme pela frente. E essa nossa integração, nossa qualidade no debater turismo, vai impulsionar, cada vez mais, o Rio de Janeiro a patamares que a gente sempre almejou, mas nunca imaginou que a podíamos chegar”, concluiu.

Para Guilherme Abreu, presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux do Estado do Rio de Janeiro (FC&VB-RJ), o Rio de Janeiro tem vivido uma nova fase na valorização do turismo em todo o estado. Ele destacou os avanços e os desafios do setor durante a realização de mais uma edição do congresso, que promove os atrativos turísticos fluminenses. A novidade deste ano foi a chegada da iniciativa à capital, após percorrer seis importantes cidades do interior.
“O Congresso Estadual Empresarial de Turismo nasceu em Macaé e passou por Búzios, Cabo Frio, Angra dos Reis, Petrópolis e Maricá. Este ano, chegamos à capital com o objetivo de mostrar que o interior do estado é tão belo quanto o Rio. A proposta é aproveitar a visibilidade e o alto fluxo de turistas na capital para promover as belezas naturais, a cultura e os atrativos turísticos das cidades do interior”, afirmou.
A ideia em atrair parte dos visitantes que chegam ao Rio para que também conheçam o interior, fomenta uma distribuição mais equilibrada da atividade turística. “Estamos trabalhando com o governo do estado, a prefeitura e o trade para estruturar esse fluxo. Os números já mostram resultados positivos em comparação com o ano passado”, comentou o presidente da FC&VB-RJ.
Apesar do avanço, o setor ainda enfrenta gargalos importantes. A principal dificuldade está na mobilidade. Como muitas cidades do interior não possuem aeroportos, a dependência do transporte rodoviário ainda é grande. Contudo, soluções estão sendo articuladas. A ampliação da pista do aeroporto de Macaé, por exemplo, já permite a operação de aeronaves de maior porte. “Estamos esperançosos de que em breve poderemos receber voos de Boeing e até internacionais por lá. Isso pode transformar Macaé em um hub aéreo que facilite o acesso a outras cidades do interior”, explicou.
O progresso do turismo também tem se apoiado na união entre entidades públicas e privadas. Abreu mencionou o papel de instituições como a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), responsável por orientar a modernização da infraestrutura hoteleira. As associações comerciais locais também têm incentivado empresários a investirem na melhoria de serviços como hospedagem e gastronomia.
“O turista que chega hoje exige qualidade, e para isso é preciso investir constantemente. O hotel que não se renova, perde competitividade”, alerta. Ele ainda citou o exemplo bem-sucedido do Parque dos Dinossauros, em Miguel Pereira, que vem atraindo um fluxo inédito de visitantes à região.
Questionado sobre os próximos passos do evento, Abreu sinalizou que ele deverá permanecer na capital por mais um ou dois anos. “A capital permite maior visibilidade para o interior. Trazer os municípios aqui é mostrar ao público e aos turistas o que temos além das praias famosas do Rio”.
O trabalho com agentes de viagem também é considerado essencial. A federação realiza seminários e capacitações para prepará-los a atender bem os visitantes. “O agente de viagem precisa entender o perfil do turista que está chegando, saber recepcionar e oferecer boas experiências. O acolhimento faz toda a diferença”, completou.

O subsecretário de Grandes Eventos do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Monfort, ressaltou a importância do Congresso Estadual Empresarial de Turismo como uma ferramenta estratégica para dar visibilidade aos municípios do interior. “É uma grande oportunidade que a Federação de Convention & Visitors Bureauxestá oferecendo aos municípios. Assim como fazemos na Expo Turismo, aqui é um espaço para eles mostrarem seus produtos ao público da capital, que é a principal porta de entrada do turismo no estado”.
Segundo ele, a Secretaria de Estado de Turismo tem trabalhado de forma articulada com os municípios, promovendo ações de fomento e qualificação. “A gente não trabalha sem os municípios. Todo o nosso programa é voltado para o interior. Sabemos da importância da capital, mas o interior tem belezas naturais e produtos turísticos de altíssimo valor que precisam ser difundidos”, ressaltou.
Marcelo Monfort também apontou a pandemia como um marco importante para a redescoberta do interior fluminense. Com as restrições impostas durante o período mais crítico da crise sanitária, muitos moradores da capital buscaram refúgio em cidades próximas, revelando um potencial turístico até então pouco explorado. “O interior ficou lotado durante a pandemia. As pessoas estavam cansadas de ficar presas em casa e foram redescobrir o estado. Só que os municípios não estavam preparados, pois faltava apoio e investimento em infraestrutura turística”.
Com a retomada gradual das atividades, a secretaria, sob comando de Gustavo Tutuca, passou a intensificar as ações para estruturar melhor os destinos regionais. “Começamos a fomentar esses locais, investindo para que eles tivessem condições adequadas de receber o turista. Focamos no turismo de proximidade, com ênfase no público carioca, fluminense e em visitantes dos estados vizinhos, como Minas Gerais e São Paulo”, disse.
Para o subsecretário, a capital carioca ainda é o grande chamariz, mas o protagonismo das cidades do interior vem crescendo rapidamente. “Hoje, não é só o Rio que está batendo recorde de visitações. É o estado como um todo. E isso é fruto de um trabalho integrado, estratégico, e de um olhar mais atento para o potencial turístico de cada região. O congresso segue como um marco no calendário estadual e mostra que, com planejamento e colaboração, é possível distribuir o fluxo turístico de forma equilibrada, promovendo desenvolvimento econômico e social para além das fronteiras da capital”, garantiu.