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Segundo dia do Conotel debate o novo normal no turismo

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O segundo dia da 63ª edição do Congresso Nacional de Hotéis (Conotel 2020) teve como tema “Trabalhando o Novo Normal – Hotelaria, Turismo, Agenciamento, Aviação e Eventos”. Para debater o assunto foram convidados Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels, Patrick Mendes, CCO da Accor Global, Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, Claiton Armelin, diretor Executivo de Produto Terrestre Nacional da CVC Corp, Toni Sando, presidente da Unedestinos, e Alexis Pagliarini, presidente executivo da AMPRO – Associação de Marketing Promocional.

Depois de saudar e apresentar todos os participantes, a vice-presidente da ABIH Nacional e mediadora do evento, Érica Drumond, destacou a participação, no dia anterior, de três atuais ministros de estado, Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, e Ricardo Sales, do Meio Ambiente, do presidente da Embratur, Gílson Machado, e de diversas lideranças do turismo brasileiro.

“Com a participação das autoridades, pudemos conhecer melhor as ações que o governo federal vem tomando pra enfrentar o novo normal e que impactam diretamente os setores de turismo e hotelaria. Além disso, também tivemos as apresentações de Raul Martins, presidente da Hotelaria de Portugal, que nos trouxe a experiência do setor hoteleiro do seu país diante da pandemia, de Orlando Souza, presidente executivo do FOHB, Sérgio Souza, presidente da Resorts Brasil, além do presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares”, destacou Érica.

A primeira apresentação do dia foi da carismática fundadora da Rede Blue Tree de hotéis, Chieko Aoki. Ela contou sua impressionante trajetória no turismo em vários países, atuando em diversos segmentos, e as razões que escolheu o Brasil para investir e estruturar sua empresa. Sobre o atual momento que passa o turismo mundial, a empresária ofereceu algumas dicas importantes para os hoteleiros enfrentarem a queda na arrecadação.

“Primeiro ponto fundamental, é regularmos o caixa, ficar atentos à sustentabilidade financeira. Mas, ainda mais relevante, são os investimentos em segurança sanitária. Na Blue Tree fizemos isso, em parceria com autoridades de saúde, e nosso trabalho se tornou referência e vem sendo usado por muitos hotéis”, afirmou Chieko.

Em seguida, a vice-presidente da ABIH Nacional destacou que os hotéis estão aplicando as normas e padrões de prevenção antes mesmo de isso se tornar obrigatório. “A hotelaria está fazendo a sua parte, exigida pelo novo normal, mas precisamos ainda encaminhar algumas questões que se tornaram ainda mais importantes nesse momento difícil que passa o setor. É necessário resolver de uma vez por todas questões como a cobrança de direitos autorais sobre músicas executadas nos quartos de hotéis, a liberação do câmbio nas recepções e, principalmente, a relação com as agências, que necessita urgentemente de uma regulação que impeça abuso por parte das grandes empresas que chegam a cobrar 28% de comissão”, afirmou.

Sobre o mesmo tema, Chieko Aoki ainda completou: “Acho que o mercado pode encontrar a solução com a chegada de empresas e plataformas que não são exclusivas e que cobram menos comissão. Vejo isso já acontecendo no Japão, por exemplo”.

Segundo dia do Conotel debate o novo normal no turismo

Patrick Mendes, CCO da Accor Global, começou sua apresentação mostrando os números do grupo que hoje conta com 480 hotéis na América do Sul, sendo 340 no Brasil, e o impacto da pandemia de Coronavírus nos índices de ocupação dos hotéis que comanda.

“Chegamos a fechar 80% de nossa unidades no continente. A reabertura começou em agosto e, hoje, estamos com 90% dos hotéis abertos, mas com apenas 30% de ocupação média. O que temos no momento, são alguns locais pontuais que estão tendo demanda. A hotelaria ainda está muito mal e por isso precisa da ajuda do governo para quitar impostos e outras despesas. Somos um setor importante que gera empregos e que muitas vezes é a porta de entrada do mercado de trabalho para os jovens”, alertou Patrick Mendes.

Após a apresentação do COO da Accor, o presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares, ressaltou que o impacto da pandemia uniu várias entidades do setor na busca de soluções. “Ela foi devastadora, pois não temos estoque, cada noite não vendida, é  perda total. Chegamos a ficar com apenas 5% de ocupação. Por isso, nesse momento a união de todos é importante, pois não apenas a hotelaria foi atingida. Nossa atividade impacta diretamente 52 segmentos econômicos, entre eles, um dos mais importantes está a aviação que da mesma forma também sentiu  os efeitos da pandemia pelo mundo”, afirmou.

Para comentar a situação do setor de aviação, o presidente da ABIH Nacional passou a palavra a Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas.

“De fato, o pior ja passou. Estávamos com 8% da malha no ar em abril, operando somente para locais onde apenas a aviação poderia chegar, transportando gratuitamente equipes de saúde. Mas a construção de uma unidade no setor nos deu força e, aos poucos, estamos vendo os números melhorarem. A expectativa é que chegaremos a dezembro com 70% da malha aérea no ar”, comentou Sanovicz.

Segundo ele, é o turismo de lazer que está sustentando o setor nesse período de novo normal. “Há um determinado público que ia para o exterior mas que agora está viajando pelo Brasil. Com isso, o brasileiro está descobrindo que temos destinos, produtos e serviços de qualidade para transportar, receber, hospedar e encantar esse público, cobrando em real, o que é muito importante nesse momento que o dólar está 6 reais”, completou.

Cleiton Armelin, diretor Executivo de Produto Terrestre Nacional da CVC Corp, abriu sua apresentação ressaltando destacando a união do setor que vem fazendo com que a retomada esteja sendo bastante satisfatória para o turismo rodoviário, principalmente porque o Brasil é o único pais aberto para o turismo.

Em sua intervenção, Toni Sando, presidente da Unidestinos, também ressaltou a importância da união de todos os segmentos da cadeia produtiva do setor de turismo.

“A crise uniu a todos e nos mostrou a importância do associativismo para encarar o novo normal. O mais importante é que aprendemos a usar mais os dados para debater o desenvolvimento dos setores, apresentando propostas, independente de qualquer questão política. O que precisamos é nos ajudar para que os empresários possam retomar seus negócios e só vamos fazer isso juntos”, afirmou.

Antes de chamar o próximo palestrante, a mediadora Érica Dumont ressaltou também a importância da união de toda a cadeia do turismo para que o setor possa atuar e investir, independente da divulgação realizada pelos destinos e poderes públicos.

Alexis Pagliarini, presidente executivo da AMPRO – Associação de Marketing Promocional destacou a interdepedência entre os setores de eventos e de hotelaria e ressaltou que o momento é delicado, mas que pode gerar uma oportunidade de equacionar algumas antigas questões. “A retomada precisa ser responsável e muito criteriosa. Temos uma chance única também de mudar algumas relações no setor, tornando-as mais sustentáveis do ponto de vista econômico. Já vínhamos convivendo com posições muito complicadas com relação aos pagamentos e prazos. Nesse momento, há quase 7 meses sem trabalho, estamos chamando os clientes para podermos tratarmos o setor de eventos com mais empatia, encontrando um caminho satisfatório para todos. É sempre bom lembrar que a cada real investido em eventos, cerca de 35 reais são movimentados em toda a cadeia produtiva que o setor envolve”, completou.

Após a apresentação dos palestrantes, o presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares, finalizou o evento agradecendo às ABIHs estaduais e aos parceiros,  palestrantes, jornalistas e às entidades e empresas que patrocinaram o evento e convocou o presidente da ABIH-BA, Luciano Lopes, para convidar a todos para o Conotel 2021 que acontecerá em maio na capital baiana. “Vamos preparar um grande evento em Salvador. Estamos com os braços abertos esperando por vocês para mais uma vez discutirmos os caminhos e propostas para a hotelaria e o turismo brasileiro”, finalizou.

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