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Santuário do Caraça é sala de aula a céu aberto

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Complexo do Santuário do Caraça recebe estudantes de todo o país, do ensino fundamental ao superior, para aulas de Ciências, História, Biologia e Geografia. E também para estudos práticos nas áreas de Matemática, Botânica, Ecologia, Engenharia Ambiental, Fotografia e Arquitetura.

Situado a cerca de 120 Km de Belo Horizonte, entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, o Santuário do Caraça é conhecido no Brasil e no mundo pelas suas belezas naturais e riqueza histórica. No local já estudaram até ex-Presidentes do Brasil.

A vocação educacional do complexo é comprovada pela alta procura de escolas para agendar visitas ao local. No Santuário do Caraça, os alunos vivenciam na prática o que é aprendido em sala de aula.

Visitas guiadas são uma ótima opção para saber mais detalhes sobre o local

O local é um verdadeiro polo de ciência, cultura e turismo. Da área total do complexo, cerca de 12 mil hectares são Reserva Particular do Patrimônio Natural. Além disso, aproximadamente 10 mil hectares são área de preservação ambiental e de produção de conhecimento científico. O local também é centro de peregrinação católica e especialmente da Família Vicentina.

Agências de viagens especializadas operam com roteiros exclusivos de instituições de ensino para o Santuário do Caraça. A Turismo Educacional, de Belo Horizonte, é uma das empresas que levam estudantes para o complexo.

“Estamos trabalhando com o Santuário há quase 10 anos. Atualmente, temos boa demanda de escolas e faculdades. No ensino fundamental são aulas de Ciências, História, Biologia e Geografia. No ensino superior, há bastante procura sobretudo nos cursos de Engenharia Ambiental, Geologia, Geografia e Direito Ambiental”, explica Alessandro Martins, gerente operacional da empresa.

A hora do lobo

O lobo vem em busca de comida deixada pelos moradores

A tradição de aguardar a visita do lobo todos os dias à noite começou no Caraça em maio de 1982, quando algumas lixeiras começaram a aparecer derrubadas e reviradas.

Num primeiro momento, pensou-se que isto poderia ser causado por cachorros. Começou-se a observar e se descobriu que o grande cachorro que revirava as lixeiras do Santuário era na verdade o Chrysocyon brachyurus, que quer dizer “animal dourado de cauda curta”. É chamado Guará porque em tupi-guarani, na língua dos indígenas, guará significa “vermelho”.

Desde então, começaram a colocar bandejas de carne nos dois portões da frente da casa. Aos poucos, os lobos se aproximaram da escada da igreja. Hoje, a bandeja é colocada no adro da igreja, onde têm ido comer, além do lobo-guará, cachorros-do-mato e uma anta.

A prática de alimentar esses animais só persiste até os dias atuais porque o seu hábito de caça não foi comprometido. Por este motivo, o lobo-guará não tem hora de aparecer. O tempo de espera da aparição do animal é conhecido como “hora do lobo”, a partir das 18h30.

Fonte de conhecimento

A arquitetura é um dos atrativos do Santuário do Caraça

O Caraça é uma estrutura cultural em constante formação. Começou por volta de 1770, quando o Irmão Lourenço de Nossa Senhora iniciou a construção do hospício, como então era chamada a hospedaria para acolher peregrinos, e uma ermida – capela barroca, dedicada a Nossa Senhora Mãe dos Homens.

Posteriormente, a instituição transformou-se em colégio e seminário. Atualmente, o lugar mantém a sua essência, proporcionando às pessoas a chance de interagir com sua história.

O complexo é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual. Foi escolhido como uma das 7 Maravilhas da Estrada Real. Conta com um amplo Conjunto Arquitetônico onde estão a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil e o prédio do antigo colégio (hoje museu e biblioteca). O hotel tem 54 apartamentos e a Fazenda do Engenho, 26 apartamentos.

A Biblioteca hoje está instalada no prédio onde era o Colégio e abriga também o Museu, o Arquivo e um Centro de Convenções

O Santuário do Caraça tem suas águas, fauna e flora preservadas

O Complexo do Caraça possui enorme diversidade de fauna e flora, com exemplares raros de animais e plantas. Na ampla diversidade de sua fauna, há 386 espécies de aves, 42 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos.

O Complexo do Santuário do Caraça fica na transição entre Mata Atlântica e Cerrado, onde também há campos rupestres. Em suas Serras há nascentes, ribeirões e lagos que possuem águas de coloração escura, que carregam material orgânico em suspensão.

Nascentes, rios e lagos possuem coloração escura pois carregam muito material orgânico

Seu solo é rico em minérios, explorados nos séculos anteriores, e com grande concentração de quartzito ou rocha metamórfica. Desde 2011, passou a ser preservado contra exploração comercial. O clima tem baixas temperaturas e elevada umidade do ar, comuns em ambientes de mata.

O território do Complexo do Caraça integra a Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de BH, onde começam duas grandes bacias hidrográficas, a do rio São Francisco e a do rio Doce, que abastecem aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.

Igreja Neogótica

A igreja em estilo neogótico é uma das principais atrações do Santuário do Caraça

O Santuário do Caraça é a primeira igreja neogótica do Brasil, construída sem mão-de-obra escrava e toda com material regional: pedra-sabão (retirada de perto da Cascatona), mármore (das proximidades de Mariana e Itabirito, Gandarela) e quartzito (da região do Caraça e vizinhanças), unidas com produtos de base de cal, pó de pedra e óleo.

Trilhas

Por meio de trilhas seguras e de trajetos mais ou menos longos e bem sinalizados, é possível ter acesso a diversas atrações naturais e contato direto com a biodiversidade local.