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Por que escrevemos Brasil com S?

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A Marca Brasil é utilizada desde 2004. É um símbolo de nossa promoção turística internacional, sendo resultado de pesquisas realizadas em 18 países com milhares de entrevistados. Sua escolha foi feita após de dezenas de debates envolvendo todos os setores profissionais do turismo em nosso país.

A marca que era utilizada pela Embratur

A partir deste amplo material construiu-se o Plano Aquarela. Seu objetivo principal foi posicionar a imagem do Brasil no mundo. A ação obteve amplo sucesso enquanto teve os investimentos gerenciais e financeiros necessários para tanto.

Entre outros feitos, o Brasil viu suas receitas turísticas internacionais subirem de US$ 1,9 bi para quase US$ 5 bi anuais. Passamos de 21º para 7º país em número de eventos internacionais.

Isso foi conquistado por causa do foco no segmento de negócios, apostando no aumento do gasto médio dos passageiros. Com isso, se enfrentou a crise gerada quando a Varig quebrou em 2005.

Naquele processo, primeiro mensuramos o potencial de nossos atrativos. Depois, ouvimos turistas domésticos e estrangeiros para saber o que lhes motivava a viajar. Levantamos também os dias de permanência e o perfil de hospedagem. E, por fim, perguntamos inclusive quais cores e formas para eles, representavam o Brasil.

Constatamos que a qualidade e a diversidade da produção cultural brasileira deviam ser o eixo das ações de promoção turística internacional. E, por isso, a opção de escrever o Brasil com S. Reafirmando nosso idioma como um instrumento de identidade cultural.

Com as informações apuradas fizemos um concurso público nacional em parceria com a Associação dos Designers Gráficos do Brasil (ADG). Entre dezenas de propostas saiu a marca vencedora por decisão unanime do júri. O vencedor recebeu um prêmio no valor de R$ 30 mil, à época.

A amplitude do processo foi de tal ordem que em poucos meses diversas empresas brasileiras com presença global já utilizavam a marca. Chegando a ser usada inclusive em produtos exportados.

O Plano Aquarela e a Marca Brasil receberam investimentos e dedicação de diversos governos federais, estaduais e municipais. Além de entidades setoriais do turismo e dos principais Convention Bureaux do país.

Portanto, consolidar a Marca como abre-alas da promoção turística internacional do Brasil levou anos e foram milhões de reais investidos por agentes públicos e privados, com resultados positivos mensuráveis e conhecidos.

Foi rigorosamente o mesmo processo usado por países como Espanha e França (cujas marcas turísticas perduram por décadas) muito antes de nós, e que nos serviram de referência técnica e conceitual.

Substituir a Marca Brasil de forma improvisada não é economizar recursos públicos. Ao contrário, é jogar dinheiro pela janela. A atitude compromete ainda o que ainda está de pé da capacidade competitiva do país em um mercado altamente disputado.

A direção atual da Embratur tem todo o direito de rever o processo e propor as alterações que julgar necessárias. Pode rever a Marca e propor outra. Não se discute isso.

O que centenas de profissionais de turismo em todo o Brasil estão apontando é para a necessidade de fazer isso com igual rigor técnico. Da mesma forma que foi construído o programa original. O turismo, destacadamente no mercado internacional ao qual a Embratur se orienta desde 2003, é de concorrência acirrada. Nesse ambiente, não há espaço para decisões apressadas.

Esta é a demanda à qual nos somamos, até para singelamente reconhecer e homenagear Walfrido dos Mares Guia, o Ministro do Turismo que liderou aquele time, e Josep Chias, nosso orientador reconhecido internacionalmente por seus trabalhos. Além, é claro, de Kiko Farkas, o designer que ganhou o concurso e é o autor da Marca Brasil.

É preciso também destacar os centenas de profissionais, tanto da antiga “aldeia gaulesa“ (como se apelidou a equipe Embratur daqueles anos pela garra com que atuavam seus integrantes), quanto dos diversos setores do turismo brasileiro que participaram e construíram os expressivos resultados entregues ao país naqueles anos.

Artigo de Eduardo Sanovicz é presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas – ABEAR e Professor Doutor da Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP.
Leia também artigo de Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional sobre o mesmo assunto: Nova marca do turismo: o que precisamos é não perder o foco