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Perspectivas e cenário para o Turismo nacional

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Em sua quinta edição, o Fórum Brasileiro de Turismo abriu a sua programação com a presença de secretários de governo e representantes de entidades para falar sobre a atual conjuntura, perspectivas e o futuro socioeconômico do setor

Com a presença do ex-governador, Geraldo Alckmin, dos secretários estaduais paulistas, Vinícius Lummertz (Turismo) e Julio Serson (Relações Internacionais), e Roberto Duran (vice-presidente de Relações Institucionais da Unedestinos e presidente da Salvador Destinations), o 5º FTB organizou um debate que teve como tema Turismo: Emprego e Renda – Perspectivas e Cenário.

Para Alckmin, que foi o apresentador do evento, realizado pela primeira vez on-line, o setor de turismo “é um segmento importante e foi muito atingido pela pandemia, mas poderá se recuperar. Basta ver os indicadores, entre eles o câmbio. Com a moeda desvalorizada e a alta do dólar, muita gente certamente vai fazer turismo regional. Assim, as perspectivas são de que o turismo interno deve crescer, porque as pessoas querem viajar”, estima.

Secretario de Turismo de São Paulo, Vinícius Lummertz

Com base nos dados do dados do World Travel & Tourism Council (WTTC), Lummertz observa que o turismo, este ano, teve a perda de 121 milhões de empregos, previstos no mundo, e um impacto de U$S 3,5 trilhões.

“Não é pouco, é muito. Nossa expectativa de retomada é recuperar os empregos. No ano passado, o São Paulo para Todos permitiu trabalhar o avanço do turismo interno e também o internacional, com a campanha na CNN International. O crescimento interno se deu por conta do rebaixamento de impostos e a geração de 50 mil empregos. Agora, estamos com um déficit de 138 mil postos, sendo que o nesse período o pior mês foi abril, com 56 mil, e no momento temos uma baixa de 16 mil. E eu estou falando de São Paulo, que é o maior empregador do turismo”, explicou o secretário de Turismo.

Lummertz concluiu a sua participação dizendo que “a boa notícia é que temos boas perspectivas de retomar a geração de emprego e renda com essa mesma massa de empregos perdida e buscar mais ainda. Necessitamos estabelecer um diálogo para que estas questões do turismo se transformem em prioridade, assim como é na França, Espanha, Estados Unidos, China e Japão”.

O soteropolitano Roberto Duran ressaltou que é fundamental as políticas públicas estejam integradas. “A pandemia atingiu de forma crucial o nosso setor. Aqui em Salvador, o turismo é responsável por mais de 25% do emprego e quase 25% de arrecadação é do município. O turismo mexe, basicamente, com 52 segmentos econômicos, mas muitos são ocultos para a maioria da população. A hotelaria é a nossa ponta de lança, pela forma intensiva que representa. Com a pandemia, tivemos a parceria da prefeitura para dar ênfase na preservação da vida humana, sem deixar de lado a manutenção dos empregos, ou seja, manter a chama da atividade econômica acessa”, comentou Duran.

“Com isso, a cidade veio se preparando, como a criação do Centro de Recuperação das Empresas do Turismo e requalificação dos funcionários para estarem preparados para este novo momento do turista. Sabemos que, a cada dia que passa, torna-se mais importante a união do trade e de todos os destinos do Brasil, como também dos três poderes constituídos, para podermos ter perspectivas de uma retomada mais célere”, enfatizou.

Radiografia e valorização

O primeiro painel abordou A importância do turismo e da hotelaria para a economia do Brasil e seus convidados teceram uma radiografia do setor com dados e posicionamentos que comprovam a necessidade de união entre todas as partes que envolvem o setor.

O presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur) e diretor-presidente da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling, preferiu concentrar a sua fala na questão de governança.

“Todos sabem da importância da retomada das atividades econômicas no Brasil, mas é fundamental a construção de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal e devem ser feitas de forma integrada. Não há nenhuma novidade nisso, mas com tudo que estamos vivenciando, pela primeira vez e com essas incertezas do futuro, essa integração de forças é necessária para o processo de desenvolvimento da nossa atividade. O turismo é uma atividade econômica, privada, e por certa incoerência, pelo processo de amadurecimento da governança, ainda depende muito do poder público.”

Sobre a atuação do Fornatur, Wendling ressaltou que com o Ministério do Turismo, o Conatur e a Embratur são responsáveis por apoiar a implementação de políticas públicas e estão debruçados em pautas urgentes, que ainda não foram solucionadas na íntegra, principalmente quanto as perspectivas de crédito para empresas.

“Não adianta falar da importância econômica do Turismo na geração de empregos sem falar da necessidade dos créditos para a sobrevivência das empresas. Sei que o ministério vem trabalhando, mas menos de 20% do Fungetur chegou na ponta. Para a retomada da economia e a geração de empregos é essencial trabalhar o reposicionamento da marca Brasil no turismo interno e externo. É vital a construção coletiva com o setor privado e com uma estratégia arrojada e próxima das demandas”, explicou Wendling.

“O Fornatur é uma entidade que pode ajudar a construir esse reposicionamento junto com as entidades do Conselho Nacional do Turismo e os empresários. É hora de renovar a imagem Brasil, trabalhar de fato os segmentos de demanda, de oferta, os públicos diferenciados no Brasil e no exterior, com estratégias direcionadas para cada um dos países, oferecer o que temos de melhor, comunicar de forma específica, mas alinhado com as estratégias que os Estados têm trabalhado. Se essa construção não for feita de forma descentralizada, nós não teremos condições de ter uma campanha robusta e que represente os diferenciais competitivos do Destino Brasil”, concluiu.

Para José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o turismo é tão antigo quanto os homens e que a integração entre os povos já existia antes de Cristo.

5º Fórum Brasileiro de Turismo tem abertura com várias autoridades
José Roberto Tadros, presidente da CNC

“O mundo já descobriu isso há muito tempo, mas nós ainda estamos engatinhando nesse processo. Precisamos, cada vez mais, investir no Turismo, que representa entre 8 a 12% do PIB. Com a pandemia, houve a demissão de mais 700 mil pessoas e as perdas totais nos dão a monta de R$ 145 bilhões, sendo que os maiores prejuízos foram nos Estados de São Paulo, R$ 55 bilhões, e Rio de Janeiro, na ordem de R$ 20 bilhões. Mas quando essa situação passar, temos certeza que os empregos perdidos rapidamente retornarão”, anseia o empresário.

O aspecto negativo também é uma boa oportunidade para o turismo, avaliou Orlando de Souza, presidente executivo do FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil.

“O fluxo internacional está prejudicado e não voltará, tão cedo, a ter uma performance importante. Imaginar a chegada de turistas internacionais para o Brasil neste momento ou próximo não é razoável. Mas este problema gera um benefício incomum, inusitado no mínimo. Nós sempre reclamamos que a quantidade de turistas estrangeiros para o Brasil é ínfimo, se compararmos com o nosso potencial. Falamos em seis milhões de visitantes faz, pelo menos, uns dez ou 15 anos que ficamos nesse número. Pois agora, isso deixa de ser problema e passa a ser uma oportunidade por não estarmos tão dependentes desse fluxo externo”, disse o presidente do FOHB.

“Isso significa que, talvez, o fluxo nacional, para um país que sempre foi exportador de turistas, também vai ficar, entre aspas, prejudicado por um bom tempo. Mas esse potencial que estava vocacionado para sair do país estará predisposto a viajar dentro do Brasil”, comentou Orlando de Souza.

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Orlando Souza, presidente do FOHB

Temos que promover o turismo interno, preocupando-se com a atualização dos produtos e a observação de protocolos de higiene e segurança, para que aqueles que queiram viajar se sintam amparados e protegidos. Esse conjunto de coisas vai permitir que nós vislumbremos, num futuro de médio prazo, a retomada do turismo e, principalmente, da hotelaria nacional. Os números mostram que a hotelaria de negócios terá uma dificuldade bastante grande ainda este ano e no começo de 2020. As perspectivas são que no segundo semestre comece a existir um desempenho da hotelaria que permita um equilíbrio entre custos, despesas e receita, antes disso não será possível, e nós vamos trabalhando para conseguir manter essa hotelaria em pé, em boas condições, com bons produtos e com segurança”, finalizou.

Neste painel, também participaram Manoel Cardoso Linhares, presidente da ABIH – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Nacional, e Alexandre Sampaio de Abreu, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação – FBHA.

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