Início Arte e Cultura por Adriana Sorgenicht Teixeira O outro lado da vida de escritores e poetas famosos

O outro lado da vida de escritores e poetas famosos

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Coincidência ou não, desta vez escritores e poetas consagrados têm exclusividade em duas seções inéditas – Curiosidades e Quem Disse?

A primeira traz o que pouca gente sabe sobre grandes nomes das artes que amamos. São fatos estranhos, divertidos ou inusitados na trajetória dessas personalidades, sobre os quais não se fazia ideia.

A proposta de Quem Disse? é formar, ao longo do tempo, um amplo painel de frases e reflexões sobre o significado das viagens na vida de cada um de seus poetas e escritores preferidos, referenciando e contextualizando as respectivas motivações de cada um, até para poder concordar ou não.

Curiosidades

Fernando Pessoa publicitário?

Quase ninguém imagina que Fernando Pessoa (1888-1935), considerado o escritor mais universal da língua portuguesa do século XX e um dos poetas mais importantes do Modernismo lusitano, era também filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário, comentarista político e….. publicitário.

Nesta última função, o colecionador de heterônimos e autor de “navegar é preciso” e “tudo vale a pena quando a alma não é pequena” gostava de criar textos e slogans para empresas e produtos de pequenas e grandes corporações. Um deles, em especial, entrou para a biografia e para a História, e vale a pena ser lembrado.

Em 1919, a norte-americana Coca-Cola já marcava presença em quatro países da Europa. E, em 1928, instalou uma distribuidora em Portugal, entregue a um grande empresário local para dirigi-la.

Crédito: lmp-blog.com.br

O filho do empresário em questão, muito amigo e admirador do poeta, e com autorização do pai, solicitou a ele, que naquele tempo trabalhava na agência de propaganda Hora, a criação de uma frase para o refrigerante, antevendo o grande sucesso da bebida em Portugal. “Mas como vou criar algo, se ainda não conheço o produto?”, indagou Pessoa.

Entusiasmado, o jovem levou uma garrafa para que o poeta pudesse apreciar o sabor do refrigerante. Pessoa degustou uma, duas vezes, foi se acostumando com a novidade e na terceira criou o slogan: “Coca-Cola – primeiro estranha-se, depois entranha-se.”

Ao contrário do que se esperava, a frase, para muitos questionável e pouco original do ponto de vista de criação publicitária, “derrubou” as vendas da bebida, pois, de acordo com o governo fascista e paranoico daquele período, supostamente sugeria que era produzida com a folha de coca, base para a fabricação da cocaína.

Reza a lenda que o todo o estoque foi apreendido e jogado ao mar de Lisboa, mediante ordem do diretor de Saúde do ditador António de Oliveira Salazar (1889-1970), Ricardo Jorge, que vetou a Coca-Cola no país. Ela só foi liberada em 1977.

Moral da história: não que uma coisa (slogan infeliz) tenha a ver com a outra (proibição da bebida no país), bem entendido, ora pois….

Créditos: lounge.obviousmag.org

Quem disse?

“As pessoas não fazem viagens, as viagens fazem as pessoas”. (John Steinbeck)

Escritor norte-americano (1902-1968), Nobel de Literatura em 1962, entre suas obras principais incluem-se As Vinhas da Ira (1939), sua obra-prima, e Ratos e Homens (1937).

Várias de suas livros foram adaptados para Hollywood. O escritor foi ainda o roteirista indicado ao Oscar de melhor história em 1944, pelo filme Um Barco e Nove Destinos (Lifeboat), de Alfred Hitchcock.

Incansável viajante pelos estados e cidades norte-americanos, em especial a Califórnia (onde nasceu), além de México, Rússia e frentes de combate na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, a frase acima resulta e sintetiza suas impressões após experiências em diferentes partes do mundo, e que serviram de inspiração para grande parcela de sua produção literária e cinematográfica. Em outras palavras: quando retornamos de uma jornada, algo acontece dentro de nós que nos transforma.

Crédito: finance.yahoo.com
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